sábado, 20 de março de 2010

No Frio da Solidão

SINTO O SABOR SALGADO
DAS LÁGRIMAS
QUE CAEM DOS MEUS OLHOS
NADA MAIS ME È ESTRANHO
NADA MAIS ME APAVORA
UMA ALMA CANSADA DE VIVER
CANSADA DE SOFRER
PARECE QUE
MEU DESTINO ME ODIOU
E CRIOU
ESSA ARMADILHA ATROZ
AGORA A NOITE CHEGA
E COM ELA O FRIO DA SOLIDÃO
EM QUEM CONFIAR?
POR QUEM CHAMAR?
NÃO TENHO NINGUÉM
SÒ A AMARGURA
DOS CONDENADOS
E A ÂNSIA DOS FAMINTOS
VEJO AO LONGE
UM LAGO CRISTALINO
QUE ME CONVIDA
A VOLTAR A VIVER
MINHAS FRIAS MÃOS
JÁ NÃO SEGURAM
O CALOR DO SOL ARDENTE
NEM MEU CORAÇÃO
SENTE MAIS O AMOR
SÒ ME RESTA JOGAR
NA TERRA FRIA
ESSA VIDA,ESSA SEMENTE


"Quem por esta vida, passou em branca nuvem e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça. Quem passou pela vida e não sofreu. Foi espectro de homem, não foi homem. Só passou pela vida, não a viveu."



Como Um Fantasma Que Se Refugia
Na Solidão Da Natureza Morta,
Por Trás Dos Ermos Túmulos,Um Dia,
Eu Fui Refugiar-Me À Tua Porta!

Fazia Frio E O Frio Que Fazia
Não Era Esse Que A Carne Nos Conforta...
Cortava Assim Como Em Carniçaria
O Aço Das Facas Incisivas Corta!

Mas Tu Não Vieste Ver Minha Desgraça!
E Eu Saí,Como Quem Tudo Repele,
-Velho Caixão A Carregar Detroços-

Levando Apenas Na Tumbal Carcaça
O Pergaminho Singular Da Pele
E O Chocalho Fatídico Dos Ossos!



podia ter seguido adiante…
pois podia.
mas foi aqui que os seus passos se quedaram.

e no fascínio do fugaz instante
em que o poema acontecia;
não discerniu que houve regras que se quebraram.

no olhar trazia abraços antigos
que a saudade na alma lhe petrificara.
e a certeza de vir encontrar em mim abrigos…
a mesma ternura sentida em outras mãos que agarrara.

corpo estranho numa razão que julgava maior;
a solidão era já tanta que resolvera arriscar.
o rosto, belo, sorria como quem mendigava amor;
adiantamento do quão imenso podia ser o seu amar.

podia ter seguido adiante,
mas não foi o que fez.
por aqui se deixou ficar na esperança de que lhe estendesse a mão.
liberta já das mais elementares regras da sensatez,
dispôs-se a permutar corpo e alma por um pouco de ilusão.

e foram tantas as vezes que prometi cumprir-lhe as quimeras.
no seu leito,
murmurei frases que lhe prometiam mais que o mundo.
desenhei,
nas dobras dos seus lençóis, países onde eram eternas as primaveras.
vendi-lhe o superficial como algo de muito profundo.

mas saciados os sentidos do corpo, falou mais alto a minha cobardia.
vassalo que era da circunstância de que nada tinha para dar.
nómada; a meio do caminho entre a prosa e a poesia,
recusei uma breve paragem para uma séria tentativa de a amar.

passei adiante… muito mais adiante…
para lá das ruínas que lhe havia prometido erguer.
em suspenso no seu corpo amante,
abandonei a possibilidade de um outro amanhecer.

By Marcelo Lennon

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